Se você viveu no Brasil nos últimos vinte anos, pelo menos, já sabe de cor aquela música de fim de ano de uma emissora que sentencia: “o futuro já começou”. Podemos não saber muito sobre todo o resto, mas garantimos que pelo menos esse jingle acertou na mosca.
Tornar-se um profissional mais preparado para o futuro é, basicamente, ser qualificado, agora, para qualquer tipo de atividade. Não para amanhã, nem quinta que vem, ou daqui a três anos. Agora. Fazer parte do cada vez mais competitivo mercado em que nos metemos significa perseguir mudanças realistas e palpáveis ainda hoje para garantir rentabilidade e satisfação pessoal.
Portanto, ao ler o título “como se preparar para o futuro”, oriente sua bússola e relógio e releia. O certo é absorver a mensagem “como se preparar, profissionalmente, para o hoje”.
As coisas estão mudando
E bem mais rápido do que gostaríamos. Não te assusta pensar que somos o último punhado de pessoas que viveu em um mundo sem internet?
A conectividade acelera processos e coloca em xeque carreiras estáveis, uma vez que o novo mercado perde por mais propósito, um olhar diferenciado sobre o mundo e facilidade de novos aprendizados. Se, antes, as escolhas mais interessantes estavam nas multinacionais e concursos públicos, hoje elas são orientadas pela vontade que cada um de nós tem de mudar o mundo a nosso modo.
É por isso, por exemplo, que viver como freelancer e ter a casa como escritório é uma realidade muito mais popular do que era há quatro anos.
Não, não erramos na conta: não são quarenta anos, nem dez. Em 2014 (pra quem está no futuro mais longe, esse texto é de 2018), uma pesquisa feita com 325 empresas apontava que apenas 80 delas aderiram à prática do home office para profissionais em carteira assinada. Em 2016, o número aumentou 50%, e continua crescendo desde então.
Portanto, prepare-se para a corrida maluca das oportunidades na era da informação, porque carreiras podem surgir e desaparecer em um piscar de olhos (ou nas folhas de pouquíssimos calendários, como apontam as previsões da Singularity).
Temos algumas dicas para que você faça parte do futuro, quando e onde quer que ele esteja:
1 – Atente-se ao seu redor
A negação é uma resposta natural da mente que não quer se adaptar à nova realidade. Não à toa, é um dos cinco estágios do luto.
Sabe aquela expressão dos pais e avós que dizem “no meu tempo, era tudo mato”, ao passar por um bairro cheio de edifícios? Pois é: o saudosismo faz parte da vida, mas não podemos viver em um tempo que não existe mais.
Se as tendências apontam para o fim de uma carreira, ou turbulências em um mercado específico, fique atento para saber se vale a pena continuar investindo nas escolhas que te levam a essa realidade. De repente, mudar de ares é a melhor chance que temos.
E, embora seja difícil, não é impossível: basta um giro por seu próprio círculo social para ver que muita gente trocou o diploma pela vivência de novas habilidades. Há engenheiros abrindo food truck de bolos e sendo muito felizes.
2 – Não perca o rumo das mudanças do setor
Já se você acredita que escolheu a carreira certa e não quer mudar de jeito nenhum, seja atuante dentro da área em que se propõe a prestar serviços.
Não negligencie o fato de que a tecnologia traz benesses e reveses a todos os tipos de iniciativas – e que a sua pode estar na rota de colisão entre o que os consumidores querem e o que realmente está sendo dado a eles.
Nesse caso, é imprescindível acompanhar as mudanças do setor e ajustar as velas conforme os ventos mudam. Só assim você não corre o risco de ficar de fora.
Deixar os problemas do mercado, da economia ou dos concorrentes da porta do home office pra fora é, literalmente, fechar os olhos para as oportunidades e correr o risco de amargar as crises.
#3 – Desenvolva habilidades além da técnica
E por falar em diploma e tudo o mais, é bom lembrar que o mercado ainda aplaude a técnica, mas que, para muitas empresas, o diferencial está nas habilidades humanas, e não no conhecimento adquirido dentro de sala de aula.
Características como liderança, facilidade de aprendizado, trabalho em equipe, resiliência, atitude positiva e até poder de argumentação na hora de negociar são tão ansiadas por empresas quanto a pós-graduação que você tem no currículo.
Isso porque, assim como eu e você, muitas empresas estão de olho no futuro – e ele é praticamente o mesmo pra todo mundo.
Em um cenário onde a inteligência artificial pode fazer todo o trabalho braçal em um espaço curto de tempo, “sobra” aos humanos desenvolver habilidades que as máquinas ainda não têm, pois são aprendidas através das experiências acumuladas por anos de vida.
É hora de entrar em pânico?
Jamais!
Você pode começar a se preparar hoje para o futuro e abraçá-lo com planejamento e alegria. Apesar de não sabermos lidar muito bem com o controle de expectativas, os novos tempos não podem nos inspirar pelo medo – mas sim pela curiosidade.
Quanto mais curioso você for, melhor sua carreira estará assegurada, já que isso significa que você vai se informar, pesquisar e aprender o que for preciso para continuar no jogo. E isso é ótimo!
Comece ainda hoje o seguinte exercício para se preparar bem como profissional do futuro: todos os dias, ao fim do expediente, escreva em uma folha o que você aprendeu de novo naquele tempo. Pode ser uma nova técnica ou uma habilidade pessoal.
Ao fim de cada mês, faça uma lista de quais aprendizados adquiridos merecem ser desenvolvidos com mais profundidade. Não jogue os outros fora, pois eles ainda podem ser úteis.
Priorize os que podem assegurar novidades ou diferenciais ao seu currículo.
Se, ao fim do mês, pelo menos dois aprendizados não forem úteis à sua carreira, é preciso acender o alerta vermelho – e procurar fontes alternativas para se sair bem.
Até chegar lá, dispense a ansiedade e dê, apenas, o primeiro passo. Esse é sempre o começo mais interessante para o que quer que esteja por vir.