Enquanto que para muitas pessoas as férias perfeitas são sinônimo de uma ruptura completa com o mundo digital, para outras a ideia de ficar completamente off-line é um tanto assustadora.
Se você faz parte do segundo time, talvez precise relaxar em um “co-working holiday”, uma nova tendência de viagem em que o espaço de trabalho e o wi-fi fazem parte do pacote. O conceito é simples: viajantes individuais visitam um lugar bonito ao mesmo tempo em que “aproveitam” os dias para trabalhar em um espaço compartilhado.
Embora a ideia possa ir um pouco contra a definição tradicional de descanso, tem se mostrado interessante para aqueles que não gostam de se desconectar. Blogueiros independentes e empreendedores em início de carreira são os principais adeptos da tendência, de acordo com dados da Livit Spaces, operadora do segmento de coworking de férias na Indonésia.
Com sede em Bali, a empresa oferece pacotes completos, com hospedagem, refeições, espaço de trabalho e passeios. “Oferecemos um espaço onde as pessoas podem se concentrar em seu trabalho e mergulhar em um ambiente super produtivo”, explica Nick Martin, Community Manager da Livit Spaces.
Fundadora da Rocket Factory, Bethany Wrede Peterson está encarando o seu primeiro coworking de férias em Bali. “Como um empreendedor, você nunca pode realmente se desligar, não importa onde você está”, diz ela. “Mas eu me disciplino nos outros dias para poder ir à praia no final de semana e conhecer melhor a ilha. Ainda me sinto sob pressão aqui, mas é difícil ficar muito estressado quando se está trabalhando com os pés descalços e com uma bela vista além da tela do seu laptop”.
Opções a partir de R$ 95
Outras empresas que atuam no segmento, como a norte-americana Hacker Paradise, criada em 2014, trabalham com períodos e destinos pré-determinados. No ano passado o pacote foi estruturado em um hotel na Costa Rica.
Este ano as opções incluem Vietnam, Bali, Tailândia e Filipinas. A temporada pode ser de uma semana ou até três meses. A estadia de um mês custa a partir de 400 libras (cerca de R$ 2.350) em quarto compartilhado, ou 1.000 libras (cerca de R$ 5.900) em uma suíte privativa. Refeições, internet 3G, espaços de escritório e wi-fi estão incluídos.
A Sun Desk, com base em Taghazout – um paraíso do surf no sul do Marrocos – e a 47 Ronin – em uma área residencial de Kyoto, no Japão – têm reservas durante todo o ano, cobrando 16 libras (cerca de R$95) a diária, com direito a espaço de trabalho e café da manhã.
A Surf Office oferece opções em Santa Cruz, na Califórnia, nas Ilhas Canárias e em Lisboa. Uma noite em um quarto privativo em Santa Cruz custa cerca de 62 libras (cerca de R$ 360) e inclui o espaço de trabalho, cozinha compartilhada, bem como sessões de ioga e suprimentos de água e café orgânico.
No Reino Unido calcula-se que 15% da força de trabalho já é formada por trabalhadores autônomos – o maior número desde que os dados começaram a ser apurados. Enquanto que os coworkings de férias não são uma realidade para todos, a necessidade de alternativas às férias tradicionais segue junto com a ascensão do auto-emprego. Se é uma coisa boa para os modernos trabalhadores sobrecarregados, é algo que ainda veremos.
* Traduzido e adaptado de ‘We’re all going on a co-working holiday’ – workaholics welcome, publicado originalmente no The Guardian.