O primeiro estudo oficial sobre nômades digitais brasileiros foi divulgado, trazendo um panorama inédito sobre esse estilo de vida emergente. Realizado pelo SinapSense – Laboratório de Inovação em Neurociência do Consumo da UFPR, sob a orientação da Profª Drª Letícia Herrmann e da Profª Drª Juliane Martins, em parceria com o The Nomadic Club (clube brasileiros que reúne nômades digitais), a pesquisa tem o objetivo de compreender o perfil, hábitos, interesses e escolhas desses profissionais brasileiros que adotam o nomadismo digital como estilo de vida. A pesquisa foi conduzida entre maio e agosto de 2024, utilizando uma metodologia quantitativa que resultou em 200 respostas válidas.
Quem São os Nômades Digitais Brasileiros?
O estudo revelou que os nômades digitais brasileiros são predominantemente jovens (entre 24 e 40 anos), solteiros, sem religião, com curso superior ou pós-graduação, atuando majoritariamente em setores como marketing digital e TI. Esses profissionais conseguem uma renda mensal entre 4 a 10 salários mínimos, mas alguns declararam ganhar mais de R$28.000 mensalmente. Não possuem filhos e trabalham em empresas nacionais ou como autônomos. Além disso, dedicam entre 30 e 40 horas semanais ao trabalho, que é realizado, em sua maioria nas próprias hospedagens, que são aluguéis de temporada, onde ficam entre 1 a 2 meses em média.
Ou seja, a maioria dos nômades digitais brasileiros fazem home office. 42% dos entrevistados disse que trabalha uma vez por semana em uma cafeteria e 22,5% frequentam um espaço de coworking uma vez por semana.
Os homens, que representam uma pequena maioria, geralmente se dividem entre trabalho formal, empresários e profissionais liberais. Já as mulheres, em sua maioria, possuem pós-graduação e ocupam cargos em trabalho formal, são autônomas ou empresárias. Ambos os gêneros relatam trabalhar de 30 a 40 horas semanais, indicando um equilíbrio entre a vida profissional e o estilo de vida nômade.
Um dado interessante apontado pelo estudo é que a maioria dos nômades digitais prefere passar o tempo sozinhos (58%) e realizam o nomadismo de forma individual (57,5%). Quando se trata de lazer, os nômades optam por atividades ao ar livre (64%), como caminhadas e explorações em novos destinos, seguidas de experiências culturais (53%). O levantamento mostra que destinos internacionais são preferidos, e muitos dos participantes estavam no Brasil no momento da pesquisa.
Mesmo com a distância da família e amigos, 35% dos nômades visitam seus familiares uma vez por ano, e a maioria deles se sente confortável ou indiferente em relação à distância. Quanto à vida social, 61% afirmam gostar de fazer novas amizades durante suas viagens, e a maioria não tem preferência em se relacionar com outros nômades digitais (75,5%). Sobre aplicativos de relacionamento, como Tinder, somente 23% citou usar com frequência.
Consumo de Mídias e Redes Sociais
Em termos de redes sociais, o Instagram se destaca com 97% dos usuários, seguido de WhatsApp (92,5%) e YouTube (74,5%), enquanto plataformas como TikTok (26%), X/Twitter (24,5%), Facebook (23%) e LinkedIn (1%) apresentam menor participação. A baixa presença no Facebook e LinkedIn chama atenção, considerando o domínio da rede no passado e importância profissional, respectivamente.
Conectividade e Estilo de Consumo
Quando viajam, metade dos nômades digitais compra chips no destino (50%) e a maioria utiliza dispositivos da Apple (72%). O consumo virtual é predominante, com 65% preferindo fazer compras em lojas virtuais, e 57,5% dos nômades utilizam contas internacionais, como Wise, Revolut e Nomad, para realizar pagamentos. Essas escolhas reforçam a necessidade de mobilidade e a preferência por soluções digitais.
Preferências de Viagem e Alimentação
Os nômades digitais são predominantemente onívoros (61%), mas a pesquisa também destacou dietas alternativas como vegetarianismo (8,5%) e veganismo (1,5%). Além disso, 54% dos participantes afirmaram preferir pedir comida por aplicativos. Em relação aos destinos, 70% dos nômades escolhem o Brasil, sugerindo uma conexão financeira e de conveniência. Entretanto, 55% dos entrevistados pretendem viajar para outro país nos próximos dois anos, com o avião sendo o principal meio de transporte (70,5%) e a preferência por hospedagens de temporada (71,5%).
Motivadores e Desafios do Nomadismo Digital
A principal motivação para o estilo de vida nômade é o desejo de conhecer outros locais e culturas (90%), seguido pela liberdade (77%) e pelo próprio estilo de vida (70%). No entanto, os maiores desafios incluem questões de saúde (68%), falta de dinheiro (55%) e relações familiares (40%), que foram citados como possíveis motivos para abandonar o nomadismo.
Melhorias e Frustrações
Entre as melhorias associadas ao nomadismo digital, os participantes destacaram uma nova visão de mundo (89,5%), conhecimento adquirido (65,6%) e benefícios para a saúde mental (43%). No entanto, questões como saúde física (28%), qualidade do sono (19,5%) e ansiedade (16%) pioraram nos últimos anos. Em termos de frustrações, o estudo revelou que as principais preocupações dos nômades digitais incluem relacionamentos amorosos e amizades (25,5%), falta de rotina (20,5%) e desafios relacionados à acomodação (12,5%).
O estudo mostrou que não há diferenças significativas no estilo de vida nômade entre homens e mulheres, mas algumas limitações surgem em termos de escolha de destinos e períodos de permanência, devido à situação financeira. Apesar dos desafios, muitos dos nômades digitais demonstram a intenção de permanecer nesse estilo de vida por até quatro anos (41,5%), e um número expressivo espera seguir como nômade por mais de dez anos (21%).
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