Hoje vou compartilhar a história da Ana Paula Sampaio, uma das sócias da Anatomia Design, que mora em Dublin. A história dela é super bacana e mostra exatamente como é importante ter equilíbrio em tudo o que a gente faz, inclusive mesclando o home office com outros formatos de trabalho.
Só para contextualizar, a Ana é formada em Design Gráfico e já teve experiências em diferentes áreas e empresas, sempre nos setores de Comunicação e Design. Em 2013, depois de passar pelo Grupo RBS e morar uma temporada em Londres, ela criou, junto com a sócia Melise Flores, a Anatomia Design, que hoje tem bases em Porto Alegre e na Irlanda. Desde 2015, ela está morando em Dublin e, no ano passado, o escritório conquistou o primeiro prêmio internacional de Design. Home office + trabalho remoto têm tudo a ver com a rotina dela! Confere a entrevista:
1 – Você já trabalhou com um modelo formal antes? Como foi a experiência?
Sim! Comecei minha carreira como estagiária em uma agência de publicidade e tive experiência em diversos ambientes de trabalho, tanto em empresas pequenas como em um dos maiores grupos de comunicação do país. Então posso dizer que já vivenciei das mais diferentes situações, tanto na questão organizacional (formalidades, hierarquia, grandes equipes, burocracia, etc) quanto na parte estrutural do dia a dia mesmo (ambiente corporativo, bater ponto, cuidar o que vestir, etc). Acredito que foi super importante ter tido esse conhecimento na prática para entender qual a forma que eu melhor me adapto e qual o melhor jeito de trabalhar para mim!
2 – Como surgiu o home office na sua vida?
Em 2013 fundei a Anatomia Design junto com a minha sócia. Inicialmente mantive uma posição como designer em outra empresa, trabalhava durante o dia na agência e quando chegava em casa começava o segundo turno, criando a Anatomia. Depois de uns seis meses super estressantes, nós duas pedimos demissão e entramos de cabeça na estruturação do negócio. Esses primeiros meses de dedicação total foram completamente em home office – mas na casa da minha sócia! Morávamos perto e neste início sentíamos necessidade de estarmos juntas todos os dias. Acabamos criando nosso escritório na casa dela e acredito que isto foi essencial para o nosso crescimento. Depois do primeiro ano, começamos a frequentar espaços de coworking para trazer equilíbrio na rotina e sair um pouco de casa.
3 – Como é tocar uma empresa dividida em dois países?
Diria que intenso é uma boa palavra para representar a minha rotina. Vejo inúmeros lados positivos: temos contato com outras culturas, mercados, empresas e pessoas que não teríamos acesso estando apenas no Brasil. Acho que isto agrega muito no nosso dia a dia e inclusive na qualidade do nosso trabalho, pois conseguimos visualizar cenários de uma nova perspectiva, temos a cabeça mais aberta. A grande vantagem é variedade! Variedade de referências, estilos, linguagens… O sonho de um designer. Mas isto representa uma grande responsabilidade, é essencial ter uma estrutura organizacional muito bem definida. É quase como ter duas empresas, pois tudo é diferente: os perfis de cliente, tipos de trabalho, materiais comerciais e redes sociais (tudo bilíngue!), financeiro, contabilidade e impostos. Temos uma questão importante que é o fuso horário, agora a Irlanda está 4h na frente do Brasil. No início foi um pouco complicado lidar com esta questão, pois normalmente é no final do meu dia aqui que as coisas começam a acontecer lá no Brasil – isso implica em ligações, solicitações de clientes, etc, tarde da noite! Trabalho melhor e rendo mais pela manhã, então tive que aprender a me controlar e me “obrigar” a parar de trabalhar até tarde. Hoje em dia lido super bem com essa questão e vemos isto como uma vantagem: a Anatomia funciona cerca de 20h por dia!
4 – Você fica só em casa? Ou divide o tempo em espaços coletivos?
Os primeiros 18 meses desde que saí do Brasil foram de home office full-time. Como designer, não consigo trabalhar em cafés. Aquela ideia romântica de pegar o notebook e trabalhar em qualquer lugar nunca deu certo para mim, pois preciso de uma boa mesa, espaço para desenhar, espaço para a tablet (não uso mouse, uso um tipo de caneta para desenho digital), e internet muito boa (nosso servidor está na nuvem). Então essa questão limita um pouco as opções de espaço para trabalho. Agora estou com uma mesa fixa em um escritório compartilhado, trabalho metade da semana em casa e metade no escritório. Esse equilíbrio é bem importante para mim, pois por causa do fuso horário, acabava ficando muito sozinha em casa. E gosto de ter a liberdade de poder escolher! Quando preciso focar em algum trabalho específico, escolho trabalhar de casa e “get the job done”.
5 – Como você se organiza com o trabalho? Utiliza algum método, ferramenta, livro?
Tenho orgulho em dizer que como equipe somos muito organizados! Essa questão de fuso horário, pautas diferentes, idiomas diferentes, pode trazer um certo grau de confusão ao trabalho. Para organização da pauta de trabalhos e tarefas, utilizamos uma ferramenta chamada Todoist – recomendo muito! Ele permite estruturar tarefas de maneira bem visual e compartilhada entre diferentes usuários. Prezo muito por otimizar ao máximo o meu dia e temos muito cuidado com prazos de entrega, então o Todoist é essencial para classificar prioridades, listar escopos, etc. Outra ferramenta essencial para mim é o Zero Paper, onde organizo as finanças da empresa. Pessoalmente eu sou bastante sistemática e controladora, gosto de ser bem organizada. Tenho uma agenda Filofax que uso no estilo “bullet journal”, onde planejo a minha semana e o que tenho de tarefas para cada dia, com diferentes prioridades. Tento sempre melhorar a minha performance no trabalho e utilizar bem o meu tempo!
6 – E quando rola bloqueio criativo? Qual é a sua saída?
Olha, eu não acredito muito em bloqueio criativo, sabe. Como profissional bem técnica, com o tempo fui criando minha própria metodologia de trabalho. Criação não é algo que aparece milagrosamente em nossas cabeças, e sim uma série de etapas e passos dentro de um processo maior. Tendo uma boa metodologia e sendo organizado, não existe bloqueio criativo. Se tenho algum dia que vejo que não estou rendendo muito, opto por fazer tarefas mais mecânicas (financeiro, orçamentos, contratos, etc). É claro que temos dias que não conseguimos nos concentrar muito bem ou estamos mais “aéreos”, o que é normal e esperado – não somos máquinas! Mas já me conheço, quando percebo que começo a procrastinar é porque meu nível de estresse deve estar mais alto. Parece brincadeira, mas noto direitinho estes momentos e o melhor jeito de melhorar minha performance é me exercitando. Os dias que acordo às 6h e vou na academia são os dias que mais rendo!
7 – E quando você viaja? Leva o trabalho junto? Como funciona?
Nunca! Valorizo muito meu tempo fora do trabalho, ter equilíbrio é essencial. Por ter uma rotina bem intensa, de tempos em tempos preciso de uma folga para desopilar a cabeça e “reiniciar o sistema”. Como somos uma equipe pequena, normalmente tiro folgas curtas de no máximo uma semana, que são aproveitadas inteiramente para viajar e com imersão total em se divertir e aproveitar o meu tempo. Mas como empresária, admito que é difícil desligar completamente do que está acontecendo no trabalho. Consigo compensar essa questão dando uma checada nos emails a cada dois dias, assim caso aconteça alguma urgência já consigo delegar e resolver o problema. Mas nunca levo meu computador em viagens pessoais, apenas tenho o meu e-mail da empresa no celular.
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