O Banco do Brasil anunciou no início da semana sua adesão ao home office. Um projeto experimental mas que já nasceu com a pretensão de, até o final de semestre, ser aplicado a cerca de 100 funcionários. O velho costume de só ler o título fez com que a notícia fosse comemorada nas redes sociais.
Por aqui também achamos lindo, bacana, “cara, que demais, até que enfim o pessoal tá abrindo a mente”, isso até clicarmos no link da matéria do Estadão e lermos um pouquinho mais sobre o assunto.
Glu-glu ié-ié
Para começo de conversa o que motivou o BB a criar o “projeto home office” foi a redução de custos estruturais. Claro que o ideal é quando a empresa pensa no que é melhor para ela e os seus colaboradores, etc. e tal, mas a gente sabe que no mundo real nem sempre é assim que funciona. E como o servidor pode optar por trabalhar ou não em casa, nem vamos nos deter nesse ponto.
O que não entendemos mesmo foi o banco ter determinado que as metas para quem optar pelo home office devem ser 15% superiores aos demais. Como assim? A pessoa vai gerar redução de custos, ou seja, um benefício para a empresa, e ainda vai ter que trabalhar mais que o restante da equipe? Notem que não estamos defendendo que quem trabalha em casa seja menos cobrado, mas estabelecer metas iguais seria justo.
A ideia da meta diferenciada, diz o pessoal do BB, é “afastar o fantasma da queda na produtividade – uma questão recorrente quando o assunto é home office”. Sabe de nada, inocente.
Dizem que a mulher é o sexo frágil, mas que bobagem
A cereja do bolo vem na parte que diz que o público preferencial para adesão ao home office são mulheres e pessoas com necessidades especiais. Oi? Alguém explica? Qual é a razão? Essas pessoas são menos essenciais na agência do que outras? São mais frágeis? Menos capazes? A gente quer muito, muito mesmo, pensar que estamos enganadas, mas só deu para ver aí um preconceito gigante.
Um passo pra frente e dois pra trás
O projeto ainda prevê que mesmo de casa os funcionários terão de bater ponto e cumprir a mesma carga horária, além de comparecer ao banco um dia por semana, manter telefones sempre ligados e consultar diariamente o e-mail.
Imaginamos que isso tenha a ver com a legislação trabalhista e o risco de cobrança de hora extra caso alguma atividade seja desempenhada em horário diferenciado. Então aquela questão que falamos lá no início, de ter que trabalhar 15% a mais, sendo que isso deve ser feito no mesmo período de tempo, vai ficar bem complicada.
No fim das contas, se é para ser nesse esquema, melhor trabalhar na agência mesmo e seguir alimentando a velha mentalidade de que só se produz sob vigilância do chefe.