As empresas estão voltando a atuar no modelo presencial e com isso os trabalhadores assalariados começam a sentir os custos extras da locomoção e da alimentação fora de casa. Mesmo com os benefícios das empresas, o trabalho presencial pode chegar a custar aproximadamente 25% do salário-mínimo para trabalhadores. Os valores pagos em benefícios pelas empresas são insuficientes para custear os gastos mínimos exigidos com o trabalho fora de casa, com itens como alimentação e locomoção.
O levantamento estatístico faz parte de um estudo preliminar da Futuro Labs (soluções inteligentes para a gestão de espaços e recursos do trabalho: presencial, híbrido, flexível, remoto e anywhere) que considerou os custos em 6 capitais do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza e Recife aplicando o preço médio com carro, gasolina, trânsito, comida fora de casa, ônibus e metrô.
Além dos gastos financeiros, o tempo médio de deslocamento de um trabalhador em São Paulo pode superar 2h43min de acordo com o Instituto Parar. “O desgaste vai além do financeiro, há uma questão emocional e física com a locomoção. As empresas não estão utilizando a tecnologia para facilitar essas relações”, avalia Fernanda Mourão, founder e CEO da Futuro Labs e consultora em novos modelos de trabalho.
O levantamento mostra que mesmo que uma empresa pague benefícios, o valor não é suficiente para custear 100% das despesas do mês e o restante acaba saindo diretamente do bolso do empregado. “Nosso estudo mostra que em média os desembolsos das empresas duram 60% do mês, ou seja, 40% saem do bolso do trabalhador, que geralmente não faz essa conta quando aceita uma oferta de emprego”, explica a empresária.
Mas se engana quem pensa que esse valor é alto somente para o trabalhador. O custo para a manutenção do trabalho presencial é ainda maior para as empresas, os desembolsos superam a renda média e, em algumas capitais dos Brasil, podem representar até 4x esse valor.
Um salário-mínimo de uma pessoa que está trabalhando em São Paulo, sob a ótica do empresário, considera os custos com despesas com folhas de pagamento, benefícios, impostos e com o trabalho presencial. “Se para um trabalhador a representação do gasto chega a 25% do salário-mínimo, para uma empresa ela pode superar mais de 300%”, avalia Fernanda.
Muitos não se dão conta que para trabalhar no escritório existe uma despesa muito mais alta, com custeio de aluguéis, manutenção do espaço, café, água, energia, equipamentos. “O ponto não é abandonar os escritórios, eles são importantes para as equipes, para reforçar a cultura empresarial, mas com toda a tecnologia que existe hoje com as novas formas de trabalho flexível e híbrido esses custos podem reduzir em até 50%, podendo tomar decisões de forma consciente e de fato reduzir as despesas”, avaliou a empresária que também é proprietária da Spacein – tecnologia para gestão de espaços.
“Meus clientes muitas vezes chegam com uma ideia de que trabalhar remotamente pode fazê-lo perder mais dinheiro em relação a jornada do trabalhador que não é controlada, mas com a nossa metodologia conseguimos mostrar que é totalmente oposto. O trabalho remoto e flexível pode reduzir custos para ambas as partes e ainda proporcionar uma sensação de bem-estar para aqueles que entendem a importância de usar melhor o tempo que estaria no transporte público, fazendo um curso ou até mesmo curtindo a família”, finaliza a empresária.