Brasil está entre os piores para o home office. Os lockdowns e quarentenas ao redor do mundo, por conta da Covid-19, reveleram que algumas pessoas trabalham melhor em casa e outras não – seja por causa da profissão, das circunstâncias domésticas de de outros fatores. E o que é verdade para indivíduos também é verdade para regiões e países: alguns países estão numa posição melhor que outros para ter sucesso enquanto cumprem com o distanciamento social.
Em um índice com 30 países, que inclui Estados Unidos, China e África do Sul, o Brasil é o quinto país com maior dificuldade de implementar o home office em larga escala. A conclusão está em um novo estudo do MIT (Massachusetts Institute of Technology), que indica que há países com melhores condições de prosperar economicamente em meio ao lockdown e distanciamento social.
Confira o estudo completo aqui
A pesquisa destaca que mesmo quando os países reabrem suas economias, existe uma chance razoável de lockdowns subsequentes por conta de ondas de infecção no futuro – ou a de outros desastres naturais depois que a Covid-19 passar. Além disso, muitas empresas estão considerando uma mudança permanente para trabalhar em casa, tanto como requisitou ou como opção. Seja por opção ou por considerações de saúde pública, a mudança no local onde o trabalho é feito é real. Os governos devem entender as implicações disso e tomar as medidas necessárias para posicionar suas economias adequadamente.
O índice foi formado a partir de quatro componentes. O primeiro analisa as ocupações dos 30 países e o grau exigido de proximidade para que o trabalho seja realizado. Dentistas, barbeiros, garçons e comissários de bordo, por exemplo, não pode trabalhar remoto. Economias com grande participação dessas ocupações, que demandam alta proximidade, tendem a sofrer mais com o impacto do distanciamento social. Espanha, Irlanda e Estados Unidos têm mais de 10% de sua força de trabalho em tais ocupações, enquanto China e Brasil têm menos de 5%. Acesso e qualidade da internet, percentual de famílias com um filho em casa e a percentual de profissionais empregados que já trabalham em casa ocasionalmente são os outros componentes.
Os resultados do estudo mostram que países no mundo desenvolvido provavelmente vão migrar para o home office com maior facilidade depois desta pandemia. Apesar desses países terem uma quantidade maior de pessoas trabalhando em serviços que exigem uma alta proximidade – para os quais a demanda cresce à medida que um país se torna mais rico – as várias profissões expostas a riscos são compensadas pelo alto nível de qualidade da internet, a experiência de trabalhar em casa e a demografia.
Por exemplo, Luxemburgo, o país mais bem avaliado nesses quesitos, tem a maior taxa de penetração de internet de todos os países da amostra da pesquisa, e está em quarto lugar no critério relacionado a força de trabalho que possui experiência em trabalhar de casa. Para um país desenvolvido, Luxemburgo também se sai muito bem na sua variedade de profissões, devido a uma alta parcela cientistas, engenheiros e profissionais de negócios e administração.
A Suécia ficou em segundo lugar, em parte porque uma parcela muito grande da população ativa no mercado de trabalho do país já trabalha em casa de vez em quando (29,4%, mais do que qualquer país na nossa amostra). Os sindicatos robustos da Suécia, as leis que favorecem o trabalhador e as políticas sociais também são possíveis fatores que dão aos funcionários um grau maior de flexibilidade no trabalho.
Completando a lista dos cinco primeiros países são Holanda, Canadá e Bélgica. A Estônia ficou em sexto lugar.
A Nigéria ficou em último lugar (30º) e o Paquistão foi o penúltimo (29º). Ambos ficaram presos em suas posições por conta da grande quantidade de domicílios com crianças pequenas e internet de baixa qualidade.
O Brasil ocupa a 26ª posição do ranking de maior facilidade para o trabalho remoto entre 30 países, o que significa que o ambiente do País não favorece a transição para o trabalho remoto como poderia e mereceria ajustes.
Os lares brasileiros têm algumas características que dificultam o trabalho em casa. Quase metade deles (47%) tem filhos com menos de 15 anos de idade, que podem distrair os adultos do trabalho. E tanto o acesso à internet (apenas 67% da população o tem) com a velocidade (a média é de 24 mbps, bem abaixo da média do mundo desenvolvido) deixam bastante a desejar.
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